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Projeto que ajuda crianças pede apoio para finalizar sede em São Sebastião do Caí

É no escuro do primeiro piso da casa de Maclaine Flores, 45 anos, que 25 voluntários do projeto Aliados do Bem se reúnem para iluminar os dias de centenas de crianças de São Sebastião do Caí.

A iniciativa foi criada em 2018 pela vendedora autônoma Francine Venier, 42 anos. A ideia inicial era oferecer celebrações mais felizes para crianças em datas comemorativas.

Hoje, também são feitas doações de roupas, calçados e alimentos para quem precisa e mora no bairro Navegantes, onde a iniciativa se fixou.

Apesar de o projeto não pagar pelo espaço, nesse andar da casa, não há água e luz, o que impede um melhor atendimento de quem procura a base do Aliados do Bem.

 

Reformas

Após reportagem feita pelo Jornal do Almoço, da RBS TV, há cerca de um mês, a iniciativa conseguiu arrecadar tintas, geladeira, fogão, sofás e um botijão de gás. Porém, por conta da falta de energia elétrica, não é possível utilizar a geladeira. A falta de água também é um obstáculo, porque só funciona em uma torneira da sede.

Isso prejudica quem precisa usar o banheiro, cômodo que conta apenas com o sanitário. Voluntários destacam que é importante equipá-lo com chuveiro e armários para que possa ser utilizado por mães e filhos que eventualmente precisarem.

As rachaduras e feixes de luz nas paredes apontam a necessidade de reforçar o cimento de toda a sede. A reforma também busca móveis para recepcionar melhor quem adentra o espaço, como cadeiras de espera e mesas para refeições.

A sede improvisada atende de terças-feiras a sábados, das 9h às 17h, a todos os que aparecem pedindo ajuda.

Trabalhando até o final da tarde, o grupo ajuda cerca de 170 famílias. Cada grupo familiar, estimam, tem, no mínimo, três pessoas.

Todos os que procuram os Aliados do Bem são cadastrados na iniciativa, assim é possível manter um controle de quantas pessoas foram ajudadas e quais as necessidades de cada família.

Esse registro cria também a possibilidade de distribuir os donativos arrecadados no mês de forma a priorizar quem está passando por mais dificuldades. Na maioria dos meses, não é possível ajudar todos por conta da falta de contribuições com o projeto.

– Às vezes, não é fácil. Todos nós, voluntários, também não temos boas condições financeiras. Mas a vontade de ajudar é muito maior. Nós passamos os dias enviando mensagem, conversando com os comerciantes e pedindo colaboração, mas nem sempre conseguimos o que precisamos. Muitas vezes levamos alimentos de casa para fazer marmitas – analisa Francine.

Mudança de vida e voluntariado

Após ter sido presa, há 10 anos, Francine vivenciou de perto a marginalização e a carência de diferentes fatores. Quando conquistou a liberdade e foi ressocializada, ela decidiu que era preciso mudar de vida e também modificar as vidas de outras pessoas.

– Hoje o projeto virou a minha vida. Por tudo que passei, eu aprendi e quero evitar que crianças façam o mesmo. O mundo do crime tem dois caminhos: caixão e cadeia. Eu fui para a cadeia, tô viva para contar a minha história, ser melhor para os meus filhos e ajudar os outros. Não quero que me vejam pelo que fui, mas pelo que sou. E vou fazer o que puder para que as crianças não tenham que passar pelo que eu passei – pontua.

Em liberdade, começou a promover festas no bairro Bom Jesus, na Capital. Ela arrecadava refrigerantes, bolos e brinquedos para ofertar no Natal e no Dia das Crianças. Na primeira festa, 400 pequenos foram beneficiados.

Com a pandemia, Francine retornou para a sua cidade natal, São Sebastião do Caí. Ela e três amigas passaram a atuar no auxílio de afetados pela covid-19 através de donativos de roupas e alimentos, além de presentear a gurizada com brinquedos.

Agora, o projeto está consolidado. Com sede e voluntários, eles lutam para finalizar a sede e atender ainda melhor quem os procura.

– Eu acordo e durmo pensando em como posso ajudar. Se eu recebo um pedido e não consigo auxiliar, não durmo até achar uma solução – confessa.

 

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