Segundo o especialista em educação Sergio Bento de Araujo, quando a intencionalidade pedagógica se alia a registros consistentes, o currículo ganha vida e as famílias compreendem, com clareza, os avanços invisíveis que ocorrem entre brincadeiras, rodas de conversa e explorações do ambiente. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a educação infantil convida a escola a planejar com propósito e a documentar o que as crianças aprendem no cotidiano. Em outras palavras, não se trata de burocracia, mas de dar forma e sentido às experiências. Continue a leitura para entender sua importância!
Intencionalidade pedagógica: O que significa na prática?
Segundo a BNCC, a intencionalidade é o eixo que orienta escolhas didáticas: o professor sabe por que propõe uma atividade, quais competências deseja fomentar e como observará as aprendizagens. Planejar deixa de ser listar tarefas e passa a ser articular objetivos, estratégias e critérios de acompanhamento. Vale explicitar, em cada proposta, quais direitos de aprendizagem serão mobilizados (conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se) e quais campos de experiência serão explorados.
Conforme destaca o empresário Sergio Bento de Araujo, a intencionalidade não sufoca a espontaneidade infantil; ao contrário, organiza o ambiente para que a curiosidade floresça com segurança e propósito. Assim, a sala vira território de investigação: materiais acessíveis, cantos temáticos, tempos de observação e escuta ativa. A criança é protagonista; o professor, um designer de oportunidades significativas.
Campos de experiência: Conexões que fazem sentido
Em harmonia com a BNCC, os cinco campos de experiência devem dialogar com contextos reais.
- “O eu, o outro e o nós” emerge quando as crianças narram histórias da própria família, negociam regras nos jogos e aprendem a cuidar do coletivo;
- “Corpo, gestos e movimentos” aparece em circuitos de equilíbrio, danças e brincadeiras de faz de conta que exigem coordenação motora;
- “Traços, sons, cores e formas” se fortalece em ateliês com tintas, sucatas e instrumentos, valorizando estética e expressão;
- “Escuta, fala, pensamento e imaginação” ganha corpo em rodas de conversa, reconto de textos e produção oral de pequenos enredos;
- “Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações” nasce de experiências com plantas, água, medidas, contagens e comparações.

No entendimento do especialista em educação Sergio Bento de Araujo, integrar campos num mesmo projeto amplia o sentido das atividades e evita compartimentalização artificiais. Portanto, planeje experiências híbridas: uma horta pode articular linguagem, matemática, ciências e convivência, desde que os objetivos estejam claros e os registros evidenciem o percurso.
Registro de evidências: do “fizemos” ao “aprendemos”
Registrar não é colecionar fotos soltas; é documentar processos de aprendizagem. Conforme essa ideia, o registro precisa mostrar avanços, dificuldades, escolhas e hipóteses das crianças. Para isso, utilize múltiplos formatos: anotações de observação, trechos de fala, portfólios físicos ou digitais, painéis narrativos, rubricas simples e produções autorais (desenhos, escrita emergente, maquetes, trilhas sonoras). À vista dessa variedade, as evidências revelam como cada criança se apropria dos objetivos.
Conforme orientam boas práticas, cada registro deve responder a três perguntas: “o que propusemos?”, “o que aconteceu?” e “o que aprendemos sobre as crianças?”. Em consequência, a documentação deixa de ser vitrine e vira ferramenta de reflexão pedagógica, orientando próximos passos. Além disso, compartilhar evidências com as famílias fortalece a parceria e legitima a brincadeira como forma de aprender.
Observação intencional: Olhar, escutar, interpretar
Observar é mais do que ver: é interpretar gestos, interações e linguagens. Organize tempos de observação participante e não participante, alternando momentos de condução com instantes de escuta silenciosa. Em seguida, relacione o que foi observado a objetivos específicos da BNCC, evitando generalidades. Dessa maneira, torna-se possível identificar pistas de desenvolvimento, ampliação de vocabulário, coordenação fina, autonomia nas rotinas, negociação de conflitos, curiosidade investigativa.
Como explica o empresário Sergio Bento de Araujo, a qualidade da observação cresce quando o professor usa descritores claros e uma linguagem descritiva, sem julgamentos. Portanto, substitua “a turma foi agitada” por evidências concretas: “durante a construção do circuito, cinco crianças aguardaram sua vez; três solicitaram ajuda para ajustar rampas; duas testaram inclinações diferentes e verbalizaram hipóteses sobre velocidade”.
Currículo que respira a infância!
A BNCC na educação infantil encontra sua força quando a intencionalidade organiza experiências e o registro dá visibilidade às aprendizagens. Na visão do especialista em educação Sergio Bento de Araujo, a escola que observa com cuidado, documenta com rigor e planeja com afeto constrói um currículo que respira a infância: investigativo, lúdico, inclusivo e significativo. As famílias compreendem o valor do cotidiano e a equipe docente enxerga, com nitidez, o impacto de suas escolhas sobre o desenvolvimento das crianças.
Autor: William Carter
